Entrei na câmara (Câmara Municipal de Oeiras) em 78 para o Parque de Campismo. Ainda em 78, no final do ano, já andava a fazer outros serviços na câmara e passei pela biblioteca. Nessa altura, as contratações eram feitas de outra maneira, era um bocado do tipo mercearia. Havia um mapa com todas as funções que havia na câmara com a indicação das vagas. Eu e uns colegas fomos à secção de pessoal e eu vi que na biblioteca havia uma vaga. Fui falar com a Dra. Manuela Guedes na altura e disse-lhe que havia uma vaga na biblioteca por ocupar. Entrei como vigilante. A biblioteca era no Salão Nobre dos serviços municipalizados, em Oeiras. De um lado tínhamos os Diários da República, e as Enciclopédias, do outro lado eram estantes, com os livros arrumadinhos por ordem numérica, com um ficheiro manual e quando o livro saia púnhamos uma ficha no livro com o nome da pessoa que levava e a data – os chamados fantasmas – e eu depois até reconverti as coisas e passámos a fazer duas fichas – uma que ia com o livro e outra que ficava na biblioteca. No final de 78, ainda aproveitando o orçamento de 78, como não tínhamos espaço para armazenar algumas coisas, eu sugeri à Dra. Manuela Guedes, porque morava na Avenida dos Combatentes, que se me dessem acesso ao Palácio Anjos, eu passava a fazer a recepção das coisas compradas lá, ia registando. Resultado, quando fui para ali ainda estavam as obras a decorrer. Tinha uma secretária e uma cadeira, chegavam as encomendas e eu ia trabalhando,. Depois os homens precisavam de fazer qualquer coisa naquela sala e eu pegava na cadeira, na secretárias e nas coisas e ia para outra sala. Depois apareceram os seguranças e mais perto do Verão chegou o primeiro pessoal para começarmos a trabalhar e depois inaugurámos no dia 7 de Junho de 1980. Em Oeiras, a biblioteca mudou para a Av. de Brasília.
O Palácio Anjos na altura só era habitado pelo chefe dos jardineiros e, portanto, estava disponível. A precisar de reparação e a Câmara achou que devia fazer as reparações. É um edifício que está muito bem situado, é muito central e havia espaço e, portanto, transformou-se aquela habitação numa biblioteca. Em termos de organização era complicado porque era muito compartimentado. Dada a grandeza do Concelho, já se justificava a descentralização e a criação de uma biblioteca em Algés. Na altura houve pouca divulgação da biblioteca. Divulgava-se sobretudo o Centro Cultural. Na altura beneficiámos da proximidade de uma escola que estava aqui provisoriamente. Os alunos começaram a dar conta que havia aqui uma biblioteca e o boca a boca funcionou. Publicamente não houve divulgação, nem nos jornais locais.
Alameda Hermano Patrone 1495-064, Algés, Portugal