Um dia o Dr. Isaltino, que me tinha perdido um bocado politicamente e não sabia onde eu andava, veio perguntar-me se não queria ir para a Fundação Marquês de Pombal e eu aceitei. E deram-me a parte social e fiquei como responsável pela Mediateca a trabalhar com o Bairro de Outurela, com os meninos do bairro da Outurela. Já quando tinha estado no ambiente tinha feito um acompanhamento muito próximo às pessoas dos bairros de barracas, para que quando fossem realojadas tivessem já interiorizado certos hábitos de separação do lixo. Conheci muito bem os bairros todos e agora conheço bem os bairros sociais. Fiz muito o acompanhamento da Pedreira dos Húngaros, dos Barronhos.
O Pároco de Algés vai à Pedreira dos Húngaros e a Dra. Teresa Leão diz-lhe que agora não tem interlocutor na Câmara porque era uma senhora loirinha, assim pequenina que vinha cá muitas vezes… E diz o Pároco: “Uma pequenina? Não se chamava, por acaso, Aline?” E ela: “Chamava, chamava!” E então ele foi convidar-me para ficar como Vice-Presidente do Conselho da Paróquia, para ficar à frente da Pedreira dos Húngaros. E quem lá estava era um padre holandês, muito para a frente também e era a Caserna, onde nós dávamos apoio a todas as famílias da Pedreira dos Húngaros. Mas eu disse-lhes: Então, mas como é que Padre resolve isso? Como é que os paroquianos de Algés veem uma intrusa entrar aqui e logo como Vice-Presidente?” “Ah, isso não se preocupe!” Entretanto, punha-se um dilema… Depois de acabar com as barracas todas o que é que se faz com aquele grupo de técnicos que estava lá a trabalhar? E então, com autorização do Cardeal Patriarca, fomos para Porto Salvo, para o Moinho das Rolas. E aí fizemos o trabalho desde o início. Não havia creches e fundámos a creche, o infantário, o centro de estudos, tudo de raiz. Foi um trabalho muito interessante. Porque o trabalho de integração de quem sai da barraca e vai para o bairro social é um desafio.
Rua 1º de Maio, Linda-a-Velha, Portugal